terça-feira, 13 de julho de 2010

..."encontrei o príncipe de calicatri sentado na cadeira mais escura do canto mais negro da sala. a mesma cadeira de onde, havia anos, tinha gritado vou correr mundo. não lhe perguntei o que tens? perguntou-lhe o meu olhar. do fundo da escuridão última, disse-me estou sozinho. e as suas palavras vindas de dentro do negro eram solenes, como uma sentença, como uma condenação em cada palavra. disse-me que era fraco. disse-me que, na minha casa, ao ver a escrava miriam, tinha sentido o que sentem os homens vivos, os homens que têm ainda uma vida diante deles, os homens que podem fazer planos e sonhar. e sei que o seu rosto se contorceu quando disse amor. brilharam lágrimas no lugar negro do seu rosto"...


in uma casa na escuridão de josé luís peixoto.

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